Entre os historiadores o debate é
intenso: com o advento da indústria e do capitalismo, as condições de vida da
classe trabalhadora teriam melhorado ou piorado? A discussão mostra, sobretudo,
as dificuldades para avaliar o assunto. Sem dúvida, a industrialização trouxe,
ao longo do tempo, benefícios para toda a sociedade. Mas também acabou gerando
sofrimento para os trabalhadores, até mesmo pela ausência de leis que
colocassem limites à cobiça dos capitalistas.
As condições de trabalho nas
fábricas inglesas da primeira metade do século XIX inspiraram muitos livros.
Vários escritores mostram-se hesitantes em celebrar o progresso técnico ou
lamentar a miséria por ele causada. O certo é que a descrição das fábricas foi
sempre negativa: baixos salários, exploração do trabalho infantil e da mulher,
umidade ou frio excessivo, jornadas de até 16 horas diárias, ar poluído,
sujeira, humilhações sofridas pelos trabalhadores, acidentes com máquinas que
provocavam mutilações e mortes. Os operários eram constantemente vigiados e
obedeciam a horários rigorosos; uma verdadeira disciplina militar que não
excluía a violência física dos capatazes. Eram regras exclusivamente impostas
pelos interesses dos patrões. Além disso, o fantasma do desemprego estava
sempre presente, obrigando o trabalhador a suportar esse regime. Fora das
fábricas as condições não eram melhores: muitos se entregavam ao alcoolismo, as
habitações eram precárias, nos bairros populares não havia saneamento, as
epidemias se espalhavam e os salários não eram suficientes para alimentar a
família.
Inconformados com as injustiças a
que estavam submetidos, muitos operários manifestaram seu descontentamento por
meio de greves e motins. No inicio do século XIX aconteceu o Movimento Ludista, que era formado por
grupos de operários que invadiam as fábricas e quebravam todo o maquinário como
forma de protesto. Os ludistas consideram que as máquinas eram as grandes
responsáveis pelo desemprego. A reação do governo foi violenta, com prisões,
deportações e enforcamentos. Em 1817, o governo proibiu reuniões públicas e
distribuição de panfletos que incitassem revoltas ou manifestações. Dessa
forma, as primeiras manifestações operárias eram tratadas como caso de polícia.
Os operários também se organizavam em
passeatas e greves, para exigir o pagamento de melhores salários e condições de
trabalho, como a diminuição da jornada de trabalho. Muitas vezes por não ter
dinheiro para a alimentação os operários provocavam morins para saquear
mercearias e armazéns. Para melhor se organizar, os operários começaram a
formar associações de ajuda mútua, conhecidas como Trade Unions. Essas associações tinham como objetivo principal
organizar as reivindicações dos operários que, em troca pagava uma pequena
mensalidade. Essas associações foram se fortalecendo lentamente e deram origem
aos sindicatos de trabalhadores.